Kilis, na Turquia, é um dos principais pontos de acolhimento de refugiados sírios. Mas a cidade quer ser vista como mais do que um local abalado pela guerra no país vizinho, e tem um plano ambicioso para mudar os modos de vida e de locomoção dos seus habitantes, e envolve a bicicleta.
Kilis é uma pequena cidade turca, junto à fronteira com a Síria, que nos últimos anos tem sido notícia por ser um dos principais locais de acolhimento dos milhões de refugiados que escaparam à guerra no país vizinho. E é também uma cidade barulhenta, cheia de motas e scooters, que quer passar a ter nas bicicletas o seu principal meio de transporte. Para concretizar esta mudança, a autarquia de Kilis começa pelos mais novos. As autoridades estão agora a oferecer bicicletas a crianças e jovens que assumam alguns compromissos: convencer um familiar a deixar de fumar; terem boas notas na escola e melhorarem o rendimento numa disciplina em que tenham maiores dificuldades, e prometerem usar a bicicleta pelo menos uma hora por dia.
“Até agora, distribuímos mais de 4 mil bicicletas e nossa meta é distribuir pelo menos 15 mil”, explica o presidente da câmara de Kilis, Hasan Kara, citado pelo jornal britânico The Guardian. O objectivo do autarca é criar na cidade um ambiente habitável para toda a população. “Demos prioridade ao projecto das bicicletas porque o uso de motocicletas e carros é muito comum. Agora já vemos crianças a fazer o caminho para a escola de bicicleta”, diz ao diário londrino.
Além deste projecto para crianças, a autarquia construiu uma ciclovia de seis quilómetros ao longo de uma rua na periferia da cidade, à qual deverão juntar-se em breve outras ciclovias que irão ligar toda a urbe. A câmara de Kilis conta com o apoio financeiro do Governo turco mais vai procurar também a ajuda da União Europeia.
Desde 2011, ano em que se iniciou a revolta contra o regime sírio Bashar al-Assad que acabou por se transformar numa sangrenta guerra civil que dura até hoje, milhões de sírios procuram um porto seguro na Turquia — ou fizeram daquele país um ponto de passagem rumo à Europa. Kilis é uma das cidades turcas que mais refugiados acolheu em termos relativos, duplicando rapidamente a sua população para mais de 200.000 pessoas — o árabe passou a ser a língua mais falada e muitas lojas passaram a exibir sinais e ementas naquele idioma. E foi também atingida, em algumas ocasiões, por artilharia disparada pelo lado sírio da fronteira, tanto pelo Daesh como pelos rebeldes curdos.
Agora, Hasan Kara quer que Kilis afaste a imagem de um local destabilizado pela guerra e que seja vista como uma cidade acolhedora para refugiados e para todos os que queiram viver em paz.
Fonte: Notícia retirada do jornal Público