Ir de bicicleta é prático
As cidades têm redes cicláveis que permitem a qualquer um deslocar-se em bicicleta de A a B de forma segura. Não é necessário planear trajetos que evitem vias rápidas urbanas ou avenidas com múltiplas vias de trânsito, onde as velocidades máximas raramente são respeitadas. O medo da convivência com o automóvel deixa também de existir.
Ir de bicicleta é versátil
Há estacionamento em todo o lado. Vais para uma zona pedonal? Há estacionamento perto. Vais ao supermercado? Há estacionamento à porta. Vais para um destino mais distante? Há estacionamento junto à estação, ou podes simplesmente levar a bicicleta nos transportes públicos. É tudo mais fácil.
História e condições climatéricas das cidades
Pode pensar-se que Amesterdão ou Copenhaga já nasceram assim e que a cultura da bicicleta é uma tradição que vem de longe. Na realidade na décadas de 60 e 70 as coisas eram bem diferentes. A aposta era nos automóveis e seria mais fácil manter.
Também se pode pensar que “lá é tudo plano e por isso é que andam de bicicleta”, mas estaríamos a esquecer-nos das duras condições climatéricas onde não é raro a existência de neve e gelo nas ruas e ventos extremamente fortes, algo que não acontece em grande parte do território nacional.
Para além disso nestes países faz parte integrante do sistema de ensino público aprender a andar de bicicleta em contexto urbano. Na Holanda as crianças de 12 anos têm de fazer um teste de condução de bicicleta. Na Dinamarca as crianças começam a aprender a andar de bicicleta a partir dos 3 anos. Estas medidas tornam mais fácil introduzir a cultura nos cidadãos.
Facilidades para o ciclismo
Não é portanto correcto dizer que os Dinamarqueses e Holandeses não gostam de carros. Os motivos que os leva a preferirem a bicicleta são os mesmos que levam os Portugueses a preferir o carro: é a forma mais fácil e prática de nos deslocarmos. Em Portugal ir de carro é fácil e prático porque as cidades estão desenhadas para que conduzir seja fácil e prático. Mas há outros meios de transporte que também o podem ser. Veja-se a popularidade que o sistema de bike sharing de Lisboa está a ter e a incrível transformação que se deu em tão pouco tempo na zona entre o Saldanha e o Campo Grande, onde antes de haver rede ciclável não se via ninguém a deslocar-se em bicicleta, e hoje são às centenas os que o escolhem fazer diariamente.
No fundo, a forma que escolhemos para nos deslocarmos é condicionada pelas opções tomadas pelos decisores políticos. Enquanto estes não perceberem que a melhor forma de nos deslocarmos não é necessariamente de carro, muita gente irá continuar formatada para a utilização do carro, e naturalmente nem dará conta de que existem outras opções melhores e mais benéficas para todos.
Fonte: MUBi