O Mário tem uma característica peculiar, nada comum no nosso quotidiano. Não tem uma bicicleta, tem cinco! “Costumo dizer que o número certo de bicicletas é mais uma que aquela que temos”, explicou entre risos. E pedala diariamente desde 2011. E sim, o Mário tem carro, até carta de mota tem. “Mas 90% das vezes ando de bicicleta”.
Nascido na Suíça, mas com sangue minhoto, aprendeu por lá que a bicicleta pode muito bem ser o transporte principal. Mas, com descendência minhota, a história dele estava destinada a Braga. Regressou com 7 anos, mas o que resultava lá, provou ser difícil de se adaptar cá. “Tivemos um pequeno incidente e acabamos por decidir que como meio de transporte, a bicicleta não dava mais”.
Mas o bichinho não ficou por ali. Na faculdade, rapidamente percebeu que o carro era pouco viável. “Os custos eram elevados e o tempo que perdia a encontrar um estacionamento chateava-me”. Tentou o autocarro, mas nem sempre havia horários. “Assim, surgiu a bicicleta, que pode ajudar a cobrir aquela última milha, ou a tapar os gaps nos horários”. Na altura arranjou uma bicicleta, hoje conta com cinco.
Isto deixa qualquer um a pensar… Para quê tantas bicicletas? Mas tudo tem a sua explicação. “Comecei com uma daquelas de shopping. Nem sei se é do Continente, da Decathlon… Não sei de onde era. Aquilo, ao passar do tempo, foi mostrando que não tinha qualidade”.
E fez o upgrade. “Decidi montar uma single speed. Tinha curiosidade em perceber como aquilo funcionava, por isso acabei por comprar as peças e montar. Depois, houve uma altura em que ela já estava a rebentar pelas costuras e eu ficava todo suado nas subidas para casa”.
Há medida que o tempo ia correndo, quis experimentar outros modelos. “Optei por uma dobrável”. Mais tarde decidiu que precisava de uma bicicleta de quadro normal. “Por isso, decidi comprar outra: a Coluer”.
A vida vai rolando e chegou o momento de dar o salto. As bicicletas do Mário só davam para um adulto… E havia uma criança. Numa viagem a Amesterdão, eis que apareceu a solução. “Vi várias marcas de Cargo Bikes, a Bakfiets inclusive, e foi uma questão de procurar a melhor relação qualidade preço”.
E foi na Go By Bike que encontrou a sua limusina. As dúvidas e as incertezas até foram surgindo… “Não sabia se era muito pesada, se ia ter pernas para ela, se ia ter de comprar um apoio ou não”. Hoje, não voltava atrás. “Claro que não. Depois não se quer outra coisa”.
Mas quando se tem bicicletas de vários modelos e tamanhos, qual é o entrave a usar a bicicleta diariamente? Em termos de condições para pedalar, Braga tem as condições naturais necessárias. Em termos de infraestruturas… “tem de se adaptar o que temos. Redução da velocidade, redução do número de vias, sobrelevação das passadeiras, criação de ciclovias em locais onde há muito trânsito e muita velocidade… Há muito a fazer”.
Mas ainda assim, o Mário deixa uma certeza: “se tivermos uma cidade preparada para o uso de bicicletas, as pessoas vão aderir”.
É um exemplo a seguir.