Duas de Treta com . . . Victor Domingos

O Victor Domingos não é um cidadão comum. Acorda de manhã e não fica a pensar se o lugar onde deixou o carro ontem, quando foi trabalhar, estará vago. Não perde tempo a fazer contas de cabeça para poupar umas coroas em combustível. Não tem de acordar meia hora mais cedo para fugir ao trânsito infernal das 9 horas. Nada disso. O Victor sabe que precisa de 10 minutos, máximo 15, para chegar ao trabalho. Tem a certeza que não vai apanhar trânsito e que tem sempre lugar para estacionar o veículo. Porquê? Porque o Victor usa diariamente a bicicleta.

“Faz agora 8 anos”. Foi em meados de 2010 que decidiu que não tinha qualquer sentido fazer metade do caminho de carro e o resto a pé. “Não era eficiente”. Então, procurou alternativas. Os transportes públicos não eram muito flexíveis, os horários não encaixavam com os dele. O carro não fazia sentido, já que perdia muito tempo e a despesa era maior. Ir a pé também não era o melhor, o tempo que perdia podia ser investido noutras coisas.

Foi então que começou a pensar na bicicleta. “Tinha várias vantagens que eu antevia. Fazia um bocadinho de atividade física, para combater o estilo de vida sedentário, e não tinha de me meter num ginásio. Depois, algum dinheiro sempre pouparia”, pensou. 8 anos depois ainda vemos o Victor a chegar de bicicleta.

Todo o processo foi gradual. Até porque em Braga não está sempre sol. Também temos chuva, e bem forte. O vento, às vezes, também atrapalha. Mas isso são desculpas. “Ao início, comecei a vir de bicicleta nos dias de sol. Entretanto veio a primeira chuvada. De manhã nem apanhei chuva mas, na viagem de volta, apanhei uma chuvada que me deixou encharcado. Claro que a primeira coisa que fui fazer a seguir foi comprar um impermeável”.

Contudo, não basta ter uma bicicleta e saber pedalar. É fulcral ter um impermeável, cobertura para os sapatos, capuz, óculos, gola e luvas. “Basicamente é isso, só fico com a cara molhada. Basta passar uma toalha e pronto. Acontece muitas vezes chegar ao trabalho mais seco que os meus colegas que vêm de carro”. Depois há a questão dos acessórios. Se os refletores nas rodas, na frente e na traseira e se as luzes frontais e traseiras são obrigatórios, os alforges, os guarda-lamas e a bagageira são fundamentais. “Até já levei um trombone em cima dos alforges!”

Mas será que isto só é possível porque o Victor tem sorte em viver numa cidade ciclável? E será Braga uma cidade ciclável? “É, mas não tanto como a gente gostaria. Primeiro, aquela “pseudo autoestrada” que temos à volta do centro da cidade. Há muita velocidade em algumas vias, que impedem a livre circulação de quem anda a pé ou de bicicleta. Depois há pequenas coisas, desde a qualidade do piso, a falta de sinalização em alguns locais e falta de estacionamento, incluindo o de longa duração que muitas vezes se justificava, mais resguardado e vigiado. Está quase tudo por fazer”.

Mas se está quase tudo por fazer, há que começar a abrir caminho e mudar mentalidades. A Braga Ciclável, uma associação sem fins lucrativos, já luta diariamente para tornar Braga numa cidade amiga dos peões, das bicicletas e dos ciclistas. E o Victor faz parte desta luta.

Mas o certo é que amanhã, faça chuva ou faça sol, esteja frio ou calor, vamos ver o Victor. E claro está, a sua bicicleta.

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